“Se eu pudesse dizer o que as coisas significam, não haveria necessidade de dançá-las”.
Passei os últimos dias meditando sobre essa frase... Sem dúvidas, ela fala algo profundo dentro de mim. Primeiramente, porque sou uma aspirante a poetisa, se assim posso me denominar – Afinal, será que é possível alguém aspirar ser um poeta, sem, de fato, o ser? Registrar as palavras que saem do íntimo do coração, com ou sem rima ou métrica ou técnica, não faz de alguém um poeta? O valor não está na intenção daquelas palavras, tanto quanto na maneira que elas estão dispostas, e até mais? – e em segundo lugar, porque sou uma bailarina, amante das artes. Fiquei, então, pensando: “até que ponto as palavras são suficientes para uma pessoa?”.
Antes que você anseie em ler uma resposta convicta, já lhe digo para que não se frustre: não encontrei uma resposta certa. Nem mesmo sei se ela existe. Mas pude entender muitas coisas a partir desta reflexão. Descobri, inicialmente, que as palavras (faladas ou escritas) não são a única maneira de se dizer algo... Ouvi muitas vezes que “a dança é a linguagem oculta da alma”. Creio que isso é verdade. Pesquisei o que seria a linguagem e entendi, de modo bastante sucinto, que é “um sistema de troca de informações, um meio de expressão e comunicação entre as pessoas”. Ora, aqui está a chave! Se isto é a linguagem, então ela não se resume a apenas palavras!
Toda arte diz alguma coisa... Toda pintura, todo desenho, toda música (mesmo que totalmente instrumental), toda dança FALA conosco. É uma comunicação entre o artista e a pessoa que vê, que ouve, que recebe esta arte de alguma forma. São diferentes tipos de linguagem e expressão, que vão muito além do português ou qualquer outro idioma...
Indo mais a fundo na questão, notei que a linguagem não se resume também às artes. Ela é mais extensa. Dizem por aí que “um olhar diz mais do que mil palavras”. Shakespeare certa vez escreveu que “o olhar é a linguagem do coração”. Creio que quem viu o último olhar de uma pessoa querida antes de falecer, concorda com isso. Da mesma forma, quem já olhou para a pessoa amada em um momento de silêncio, não pode jamais negar esta verdade. Não é a toa que Leonardo da Vinci disse que "as mais lindas palavras de amor são ditas no silêncio de um olhar".
Entendi, portanto, que existem muitos tipos de linguagem e seria muito chato se todos usássemos a mesma. Uma bailarina pode falar com a sua dança, coisas que jamais conseguiria dizer com palavras, sons ou desenhos. Também um poeta pode escrever aquilo que jamais sairia de sua boca, mas sai de seu interior. Um artista plástico pode pintar sua alegria, sua dor e pensamentos, de maneira tão mais nítida do que se expressasse de outra forma. Uma pessoa pode declarar todo seu amor com um olhar. Não existe, pois, um jeito certo de dizer alguma coisa. Tudo pode ser dito de diferentes formas e em diferentes cores, diferentes movimentos, diferentes sons, diferentes silêncios... É nisso que consiste a beleza da vida. E cabe a cada um encontrar sua (s) maneira (s) de deixar o coração falar.
Mariana Martins
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